Embora 58% dos profissionais brasileiros desejem adotar a configuração híbrida, 38% deles ainda não têm clareza a respeito de quando ou por que frequentar presencialmente o escritório.
Mesmo que tenha potencial para combinar os pontos positivos do trabalho presencial e do home office, o sistema de trabalho híbrido certamente apresenta desafios. Uma pesquisa da Microsoft divulgada em março deste ano mostrou que, embora 58% dos profissionais brasileiros desejem migrar para a configuração híbrida no pós-pandemia, apenas 28% dos gerentes entrevistados fez algum tipo de acordo ou planejamento junto a seus times a respeito de como, exatamente, o trabalho vai funcionar no novo modelo. Para 38% dos trabalhadores que participaram do estudo, não há uma definição clara a respeito de quando ou por que frequentar presencialmente o escritório.
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“A organização e a comunicação são pontos-chave para uma gestão eficiente do escritório híbrido”, declara Mário Verdi, CEO da Deskbee, plataforma especializada em gestão do workplace. “O primeiro passo é entender que este novo modelo não deve ser uma réplica controlada do anterior. As empresas devem entender o que as pessoas querem neste novo momento, e do que precisam para ter qualidade de vida no trabalho. Já os colaboradores precisam compreender a importância da presença no escritório para o fortalecimento da cultura organizacional.”
Mas quais são, então, os principais desafios na adoção do modelo híbrido – e como superá-los?
Garantir saúde e segurança
Garantir a segurança e a saúde dos funcionários sempre deve ser uma prioridade das empresas. “Justamente por isso, é preciso planejar cada etapa da migração para o modelo híbrido”, diz Mário Verdi, da Deskbee. “Organizar com inteligência a ida dos funcionários à empresa, levando em conta quem de fato precisa trabalhar presencialmente a cada momento, e onde e como cada pessoa vai desempenhar suas funções, evita que elas passem o dia aglomeradas na mesma sala, por exemplo.”
Muitas pessoas ainda estão se readaptando à rotina fora de casa, o que também torna essencial que as organizações estejam atentas à saúde mental dos colaboradores – e não apenas no papel, mas sim com atitudes diárias e práticas, que impactem positivamente a rotina dos funcionários. Alguns exemplos que vêm sendo adotados por diferentes organizações são o cuidado para não entrar em contato com colaboradores fora do expediente, a avaliação periódica da carga de trabalho de cada um, o apoio na realização das tarefas em home office, a permissão de folgas negociadas individualmente, e mesmo a adoção de práticas terapêuticas como massagem ou yoga – estas últimas, quando oferecidas na sede física da empresa, podem inclusive se tornar um atrativo para que o funcionário queira estar presencialmente no escritório.
Entender quais são as prioridades da empresa
Por que a empresa decidiu adotar o modelo híbrido? Nesse novo contexto, quais serão as prioridades da companhia? Para responder a essas perguntas, é importante ter foco e levar em consideração os pilares da cultura da empresa. A prioridade é reestruturar o ambiente do escritório, para receber os trabalhadores com segurança e conforto? É adotar ferramentas e tecnologias que possam contribuir para as novas rotinas e processos da companhia? É promover e potencializar a colaboração entre as pessoas? Só entendendo as próprias urgências a organização consegue comunicá-las com eficiência aos funcionários, e convidá-los a participar.
Tornar o espaço atrativo
Um dos maiores desafios da adoção do modelo híbrido é fazer com que a ida ao escritório não aconteça só por acontecer – e não acabe se tornando apenas uma obrigação vazia. Mesmo que as pesquisas indiquem que as pessoas sentem falta da interação com os colegas ou da infraestrutura disponível no escritório, é importante tornar o espaço físico da companhia um ambiente de colaboração, conexão, criatividade e acolhimento, onde os trabalhadores de fato queiram estar. Já há companhias que oferecem aos funcionários vantagens como transporte fretado, lavanderia ou mesmo massagem no escritório físico, além de reservar uma parte do dia exclusivamente para socialização entre colegas.
Ter clareza na comunicação
A comunicação organizacional é um dos fatores que fortalecem a cultura das empresas, sendo responsável por otimizar relacionamentos e dar aos trabalhadores um senso de pertencimento. Especialmente no modelo híbrido, com a maior flexibilidade, é crucial que as organizações transmitam informações com clareza e integridade, além de deixar regras e políticas internas muito bem alinhadas.
Pessoas diferentes vão se sentir de maneiras diferentes em relação ao sistema híbrido. “Algumas pessoas têm uma boa estrutura para trabalhar de casa, outras não dispõem desse mesmo benefício”, exemplifica Mário Verdi, da Deskbee. “Algumas se sentem mais produtivas no escritório, outras, em casa. É fundamental dar voz aos colaboradores e levar em consideração suas opiniões e necessidades, tendo em mente que cada pessoa tem um background diferente.”
Entre as dicas para melhorar a comunicação interna no esquema híbrido estão fazer pesquisas e levantamentos internos, criar canais de comunicação assertiva, desenvolver estratégias de endomarketing, orientar os gestores a conversar e entender as necessidades dos demais, e ser sempre sincero e responsável nas comunicações, transmitindo as informações com clareza.
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