Workplace e worklife: desafios e oportunidades do setor corporativo em 2023

A tendência de adoção dos novos modelos de trabalho entre empresas de segmentos mais “tradicionais” tem tudo para se manter em 2023.

Por Mário Verdi para Fast Company Brasil

No que diz respeito às novas práticas adotadas em relação aos conceitos de workplace e worklife, 2022 foi, para muitas empresas, um grande período de testes. Com a pandemia começando a ficar para trás, as companhias realizaram pesquisas, organizaram grupos-piloto e experimentaram metodologias de trabalho até então inéditas para suas equipes.

Em muitas delas, o modelo híbrido foi implementado pela primeira vez de forma deliberada em algum momento dos últimos doze meses – e não mais apenas por conta do distanciamento social ou de outras restrições sanitárias.

Na nossa plataforma, percebemos um crescimento de 70% entre janeiro e novembro, impulsionado pela tendência do trabalho híbrido no mercado brasileiro (e também internacionalmente, em países da América Latina e nos Estados Unidos).

SOLUÇÕES TEMPORÁRIAS, PROJETADAS PARA RESOLVER UM OU DOIS PROBLEMAS, NÃO SERÃO MAIS ACEITAS NAS GRANDES CORPORAÇÕES.

Quase 180 mil usuários foram cadastrados na ferramenta ao longo de 2022. O número de reservas de espaços passou dos 2,5 milhões, totalizando mais de 15 milhões de horas trabalhadas em escritórios por colaboradores que atuam em modelo híbrido.

Também foi interessante perceber o movimento de adoção dos novos modelos de trabalho entre companhias de segmentos considerados mais “tradicionais”, como escritórios de advocacia e organizações dedicadas a serviços financeiros, logística e varejo. Chamamos essas empresas de “maioria tardia”: são companhias que preferem esperar que setores normalmente mais disruptivos (como o de tecnologia) testem e aprovem novas tendências, antes de passar a adotá-las diretamente.

Essa tendência tem tudo para se manter em 2023, e, assim, novos desafios devem acompanhar esse movimento. Com a sombra do lockdown ficando para trás, restam questões bastante práticas do dia a dia, como redução de custos, retenção de talentos, manutenção da cultura e incentivo à inovação.

Já é possível projetar um mercado cada vez mais focado nesses quesitos, buscando respostas mais completas e de excelência. Soluções temporárias, projetadas no pós-pandemia para resolver apenas um ou dois problemas, não serão mais aceitas nas grandes corporações.

APENAS O PRIMEIRO PASSO

O meio corporativo tem passado por diversas turbulências e precisa, cada vez mais, se reinventar. A tendência do modelo híbrido de trabalho é apenas um degrau nesse caminho. Os gestores de escritórios (sejam eles profissionais de facilities, RH ou TI, por exemplo) devem se preparar para um 2023 com foco em otimização de custos e praticidade na interação com os colaboradores.

Lembrando que otimização não significa necessariamente redução. Otimizar envolve remanejar recursos visando investir em áreas de crescimento. Por isso, os custos com espaço físico tendem a ser revistos. Soluções que permitam a gestão inteligente desses espaços, com base em dados de ocupação, serão essenciais para ajudar os gestores a entregar resultados favoráveis.

OS GESTORES DE ESCRITÓRIOS DEVEM FOCAR EM OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS E PRATICIDADE NA INTERAÇÃO COM OS COLABORADORES.

Por fim, a cobrança por alta produtividade deve se intensificar, visto que ainda estamos emergindo dos momentos de recessão pós-pandemia. Engajar times, gerar produtividade e reter talentos serão prioridades absolutas para empresas grandes e pequenas.

Visando um crescimento coeso, muitas companhias que expandiram significativamente o quadro de funcionários com a migração para o sistema híbrido precisam integrar satisfatoriamente esses colaboradores à cultura da empresa. Assim, ferramentas especializadas de gestão de pessoas, que combinam recursos para o presencial e o remoto, serão cruciais para navegar nesse momento de expansão.

De olho em um futuro ainda mais distante (mas talvez não tão distante assim), é importante que gestores de escritórios e de pessoas se mantenham atentos a tendências comportamentais e tecnológicas que começam a emergir em ambientes disruptivos. Conceitos como nomadismo digital e metaverso ainda estão, de modo geral, concentrados no setor de tecnologia, mas têm potencial para se tornarem os desafios e oportunidades também para outros segmentos.

Encontrar soluções que conectem as empresas a essas inovações é vital para evitar passar uma imagem de estagnação para seus colaboradores e parceiros e para não ficar para trás na disputa por novos talentos.

 

SOBRE O AUTOR

Mário Verdi é CEO da Deskbee, plataforma multifunção de gestão do workplace.

 

Publicação de Fast Company Brasil